CABELEIREIROS BERNARDES DE ARAÚJO
Por Ernani Pasculli Filho
Nas décadas de 60 e 70, o salão de beleza adquiriu aditamentos, referentes às mudanças relativas às revoluções culturais de comportamento. Anteriormente, havia distinção nos salões. Os institutos de beleza eram um espaço de convívio às mulheres, e para os homens eram somente as barbearias. Todo serviço de maquiagem, manicure e pedicure, cortes de cabelos e penteados femininos, químicas: colorações, alisamentos, permanentes e outros, eram feitos para mulheres nos institutos, com profissionais femininos, as cabeleireiras. Já os cortes de cabelo masculino e a raspagem de barba eram feitos nas barbearias por homens, os barbeiros.
Devido à revolução sociocultural mundial, a partir dos anos 60, a estética capilar e corporal também esteve nessa tendência, que repercutiu na profissão: no ambiente de trabalho, na aparência do salão, nas modas, nas ferramentas e na forma de aprendizagem.
A mudança na profissão unificou os dois ambientes em um. Além de um conhecimento geral, o profissional opta por especializar-se numa área de trabalho: as químicas, os cortes ou penteados.
Da revolução cultural surgiu a moda dos cabelos longos. Embora tenha sido um período hippie, no entanto, a maioria dos homens usava o penteado de cabelo volumoso sobre as orelhas, num comprimento próximo ao queixo, sendo necessário manter o cabelo periodicamente aparado e penteado. O homem ou a fazer uso de escova com secador, penteando os cabelos sobre as orelhas, estilo chanel. Com isso a moda influenciou no uso do secador e escova para cabelos masculinos.
Das modas e aditamentos para o salão de beleza, fundiu o Instituto de Beleza para Senhoras, com Barbearia, e nasceu o Salão de Cabeleireiros Unissex. O homem e a mulher aram a trabalhar juntos num mesmo ambiente. A aprendizagem da profissão de cabeleireiro ou a ser através de cursos e aperfeiçoamentos, delimitando tempo e certificado para alunos e profissionais atuantes.46
Em Poços de Caldas, a família Bernardes de Araújo foi destaque no desempenho de formação da escola de cabeleireiros. Do casal Benedito e Olímpia surgiu a família Bernardes de Araújo, com seus filhos, Antônio, Ercília, Benedito Filho, Mercedes e Jandira de Freitas. Fizeram história com salão de cabeleireiro.
Na década de 70, os irmãos Ercília, Benedito Filho, Mercedes e Jandira de Freitas formaram uma fábrica de perucas na Rua Prefeito Chagas, ao lado da atual agência de livros e revistas Playboy. A fábrica produzia em média 30 perucas por semana, com encomendas para Poços e região. As perucas eram vendidas em cidades mais distantes como Campinas e Rio de Janeiro. Os equipamentos eram manuais, os fios de cabelos das perucas eram feitos com cabelo natural, lisos e cacheados. A divulgação era feita em jornais e rádios locais. O valor em dinheiro de hoje seria entre R$ 150 e R$ 200 reais.
Junto à fábrica foi formada a Escola de Cabeleireiros Bernardes de Araújo, em cursos de seis meses a um ano de duração. Também havia cursos de manicure e pedicure. A escola teve duração de mais de dez anos. As atividades do salão, a escola e a fábrica de perucas se encerraram no final dos anos 90, na residência da senhora Ercília, situada na esquina da Rua Barão do Campo Místico, nº 162, com a Travessa Santa Cruz.